sexta-feira, 10 de setembro de 2010



TEMAS DE VERÃO

A estratégia básica do ensino actual baseia-se no princípio de que, quem tem fome, merece uma cana para pescar…

1 - O problema é que o ensino desliza com tanta facilidade na superfície fina do gelo, que não permita cinzelar sulcos de conhecimento que permitam num dado momento saber escolher a ferramenta para fabricar a cana, quanto mais os anzóis a linha ou mesmo o isco para caçar e depois vender.
Bombardear os tempos de ensino com muitas actividades de ar livre é salutar e deixar a criança funcionar, experimentando e descobrindo o ambiente à volta é um movimento tão natural como o nascimento. Só que e logo a seguir a esse recreio, tem de existir um impulso artificial inteligente que ajude a vencer a inércia que atrapalha nos movimentos e nunca é tarde demais incutir cedo no subconsciente que, chegar mais longe, mais alto e ser mais forte, conjuga o verbo vencer nas vertentes do futuro.
O esforço na construção de escolas e a clareza de perceber e eliminar as obsoletas é uma estratégia que dará resultados, mas os métodos de ensino e o empenhamento de quem tem essa incumbência nacional deve ser avaliado dia a dia, com exemplaridade, tendo-se sempre presente, que o resultado que se persegue e deseja alcançar, fortifica e fabrica a necessária palamenta que os jovens devem transportar para a vida activa.

O PCP e pesem os picos ideológicos e o ponto de vista de onda olha a organização do Estado, é de facto uma força, que ultrapassa de longe a militância política, quando mete mãos à obra para levar a bom termo a Festa do Avante.

2 – A Festa do Avante é uma estóica maneira de trazer à superfície homens e mulheres de diversos extractos sociais que têm uma particular visão sobre o modo de governar o País. É uma festa que nasceu há muito e que ano após ano atrai para o seu interior um mundo de curiosidade, que fica estupefacto quando confere a união entre camaradas e analisa o esforço aparentemente desinteressado que desenvolvem gratuitamente para reconstruir todos os anos uma festa que é uma montra fantástica da expressividade dos comunistas que para além de sérios, são unidos até à exaustão -- fui ver com os meus próprios olhos e gostei do que vi, embora não concorde com os fins a que se destina.

A justiça que reclama um dos pilares do “poder” parece perdida num labirinto legislativo que ela própria teceu e não é de espantar os resultados dum julgamento tenebroso na complexidade processual e fatídico no tempo que ocupou para o trazer à luz do dia – o julgamento do caso da pedofilia na “Casa Pia” em Lisboa, levantou de vez o véu que teimosamente escondia as feições duma justiça que sem tibiezas não é igual para todos.

3- Os portugueses alheados da complexidade jurídica e que abominam quando são obrigados a recorrer a advogados para patrocinarem uma qualquer reclamação, ficam transidos de medo, quando percebem o que lhes pode acontecer. Um cidadão que se sinta injustiçado e tenha de recorrer às várias instâncias judiciais para reclamar o que entenda ser seu direito, fica imediatamente paralisado porque não tem conhecimentos nem capacidade financeira para vencer o que quer que seja nos tribunais – o advogado oficioso é um adereço simpático no rendilhado, mas em boa verdade não representa uma solução de defesa com garantias de fazer o melhor para o seu cliente que reclama vitória. A Justiça, que se quer cega e equidistante no julgamento está cercada por interesses, manobras processuais e becos sem saída que não dão garantia de coisa nenhuma ao cidadão comum – hoje mais do que nunca a Justiça funciona para quem tem meios para se desenvencilhar das teias labirínticas que os actores em palco zelosamente tecem com uma ternura de verdadeiros artistas do verbo.

Uma regata na Costa Nova do Prado é um verdadeiro elixir da vida para quem tem a possibilidade de a admirar por dentro.

4 – As velas ao vento, os músculos retesados no leme e nas manobras de “agarrar o vento”, corporizam uma excepcional actividade que um dia destes dará com certeza frutos na árvore dos campeões. Os jovens praticantes da navegação à vela ao longo da frente de ria desenvolvem uma actividade refrescante quando se percebem movimentos direccionados para todos os quadrantes e que aos olhos de espectadores pouco ou nada conhecedores das manobras ficam deliciados por constatarem no último momento que um dos muitos barcos que operavam num aérea muito curta, se safou dum outro que só por alguns centímetros não foi abalroado. Os miúdos envolvidos na regata, eram largas dezenas e para eles vai o prémio de neste Verão onde a canícula se desvaneceu, terem sido dos poucos que tentaram consolidar uma alegria, que anda pelas “horas da amargura”.

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